
O relacionamento mais crucial que temos é conosco mesmos. Porém, o maior obstáculo para criar uma relação consciente somos nós próprios. Adoramos nos atrapalhar. E como psicólogo online vejo isso todos os dias.
Ao não reconhecer nossas necessidades e expressar nossos sentimentos, frequentemente nos colocamos de lado pelo suposto “bem maior” de um relacionamento. Mas assim, nos perdemos.
Isso se torna uma discussão sobre ser “EGO-ísta”. Não é uma permissão para ser egoísta, no sentido de autocentrado. É um incentivo para cuidar de si. Se não estamos bem, não somos bons para os outros. Precisamos estar centrados, lúcidos, presentes, satisfeitos e seguros. Isso nos leva a perguntar: “O que preciso para me sentir assim?” Este é nosso primeiro passo: definir nossas necessidades.
É importante diferenciar necessidades de desejos. Desejos provocam ansiedade ou arrependimento, pois nos fazem antecipar o futuro ou retornar ao passado. Para permanecermos presentes, devemos focar no agora, nos baseando no real. Ao almejar o que não temos, criamos ansiedade. Ao nos apegar ao que nunca tivemos, sofremos. De qualquer forma, saímos do momento presente. Ao conhecer nossas necessidades e buscar atendê-las, nos tornamos presentes.
Mas definir intenções não nos tira do momento? Não, pois permanecemos no presente para criar o futuro. Deepak Chopra chama isso de “viver de trás para frente no tempo”. Para criar um futuro, não apenas desejá-lo, devemos fazê-lo acontecer agora.
Definir necessidades evoca sentimentos. Devemos estar prontos para reconhecê-los e expressá-los. Por exemplo, o que você precisa para se sentir seguro? E quando inseguro, como se sente? Consegue dizer “Não estou confortável com isso e me sinto [ansioso/assustado/retraído/irritado]”? Muitos têm dificuldade nisso, temendo não serem amados se forem desagradáveis.
Na verdade, ao expressarmos nossas necessidades e sentimentos, não nos tornamos menos amáveis. Pelo contrário, nos tornamos mais substanciais, nos definimos melhor e afirmamos nossa presença. Sendo “EGO-ístas”, nos tornamos altruístas. Livres do medo e frustração, podemos estar mais presentes para nós e para os outros.
Não há mágica nisso, mas há trabalho. O autoconhecimento é uma tradição antiga na filosofia e ciências sociais. A pergunta “Quem sou eu?” continua desafiadora, mas é essencial para realizarmos nosso potencial. Dividi-la em questões menores como “Do que preciso?” e “Como me sinto?” torna o processo mais gerenciável. No final, compreendemos melhor quem somos e nosso lugar no mundo, encontrando base, presença, clareza, contentamento e segurança. Além disso, resolvemos conflitos internos e encontramos paz, dentro e fora de nós.